quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

terça-feira, 10 de novembro de 2009

MUDANÇAS

Olá, meus caros amigos!

Bom, já faz algum tempo desde nosso último contato, eu sei.

Se você se deu ao trabalho de analizar, ainda que superficialmente esse blog, deve ter notado que o número de postagens chega à impressionante marca de TRÊS a cada mês.
Inicialmente uma coincidência, devido aos meus muitos afazeres e um pouco de comodismo, acabei por achar que esse número não era assim tão ruim e resolvi mantê-lo como referência para os meses que se seguiriam.

Mas aí, veio Outubro.
Já havia até estipulado as datas em que escreveria: 15, 24 e 27.
O post do décimo quinto dia foi entregue como esperado. Mas os seguintes...

No dia 24 uma notícia muito triste me chegou de solavanco: um dos meus bons amigos aqui do Rio não mais se encontrava entre nós.
O que seria um dia alegre (pois eu estaria participando de um evento inédito na América Latina, com produção digna de Hollywood), se transformou no adeus ao amigo com quem convivera boa parte do ano e com quem inúmeros projetos em comum ficaram em aberto.
Já no dia 27, meu aniversário de 30 anos, acabei optando por viver o momento e não me preocupar em narrá-lo.

Sim, por incrível que pareça, eu já estou na casa dos trinta!
Mas as mudanças que eu supunha ocorrer nesta data foram bem mais sutis do que o esperado.

Acho que adotamos para nós as pressões que a sociedade moderna impõe a seus indefesos cidadãos e, embora gostemos de acreditar que somos atualmente livres de tais preceitos, vez ou outra nos vemos frente a frente com a imagem que fizemos de nós mesmos em determinada situação ou momento chave.

E como já dizia aquele sábio comercial, e como a vida tem me mostrado constantemente, IMAGEM NÃO É NADA.


Em memória de O. Rocha.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

UM PROFESSOR POR ACASO

Sempre me impressionei com o modo como as coisas parecem se encaixar, por algum motivo oculto.

Acaso para alguns, Vontade Divina para muitos, o fato é que na minha vida nunca foi difícil identificar (ao menos pra mim, é claro) a sequência de fatos que me levaram a estar onde estou.

Pra quem ainda não sabe, sou um professor. De Inglês, pra ser exato. E não apenas gosto do que faço como também me empenho para desempenhar meu papel a contento (espero aqui que meus queridos alunos percebam e concordem com isso).

Mas o caminho que me trouxe a esta sofrida profissão (não que eu esteja reclamando, mas não se pode negar isso) é, para muitos, desconhecido.

Quando alguém se propõe a dar aulas de uma Língua Estrangeira, as possibilidades mais comuns de trajetória que se distinguem são:
1 - Cursar Faculdade de Letras na modalidade correspondente à Língua desejada.

2 - Morar fora.

Minha querida mãe, sábia e perspicaz tentou ao máximo convencer-me a abraçar a primeira opção, por saber do meu amor pela Língua Inglesa e aptidão para o ensino, demonstrados desde cedo.

Mas, durante toda a adolescência, a segunda opção sempre me cativou muito mais e, quando o momento definitivo chegou, outro curso foi escolhido. Tentativa infrutífera, diga-se de passagem. O sonho de menino acabou adormecido, diante da realidade que batia à porta.

Pois bem, acontece que minhas duas outras grandes paixões: Música e Teatro, de coadjuvantes passaram a ter papel de destaque nos novos rumos que tomei.

Estava eu vivendo pacatamente quando, aparentemente do nada, um jornal de minha cidade natal (Goiânia, Goiás) caiu em minhas mãos e, entre os CLASSIFICADOS do dia, anunciaram uma seleção para a companhia de teatro mais respeitada do Centro-Oeste. Chamavam por atores com musicalidade.

Eu havia tido pouco contato com o Teatro na época mas sabia que musicalidade não seria problema, levando-se em conta que desde a infância canto e toco violão. Então, resolvi tentar a sorte e, pra minha surpresa, logo depois da primeira canção, fiquei sabendo ter sido aprovado.

No desenrolar da história, essa mesma companhia foi convidada a participar de um Festival Internacional muito conceituado na cidade do Porto, em Portugal e, dentre os novos atores, fui escolhido para representar nosso estado e país (um dia talvez possa desenvolver melhor os fatos isolados que agora narro). De lá, fui parar em Londres, Inglaterra.
O sonho finalmente se tornara realidade!

Só quem teve a chance de morar fora por algum tempo sabe o que se passa quando estamos longe de nossa família, costumes, nossa terra, nosso povo! E a falta que tudo isso nos faz só é igualada à alegria de voltar e encontrar o que tão decididamente deixamos para trás!

Ao regressar, agora fluente no idioma que tanto admirava, não vi dificuldades em achar portas abertas que prontamente me acolheram e me possibilitaram exercitar o dom do ensino que minha mãe havia apontado muitos anos antes e desde então esta tem sido a profissão que exerço com esmero.

Sei que a Mão Divina ainda hoje traça meu trajeto e que chegarei tão longe quanto Ele assim o desejar.
E espero que essa mesma mão possa guiar nossos governantes e representantes a valorizar cada vez mais este ofício, para que outros venham depois de mim e também possam ter a chance de compartilhar seu conhecimento, ajudando a construir uma nação mais consciente e capaz de pensar por si.

PARABÉNS, PROFESSORES!!!

terça-feira, 29 de setembro de 2009

The Song Title Questionnaire

Agora me dirijo a todos os meus fiéis leitores.
Sim, porque eu acredito que vocês existam, em algum lugar! Eu até bateria palmas, se necessário fosse!
;D

O fato é que não resisti à febre mundial que assola os blogueiros (na verdade, duas grandes amigas minhas até agora, hehehe) e resolvi postar aqui esse questionário que, devido às circunstâncias, só faria sentido se mantido em Inglês.

Então, lá vai:

The goal here is to answer these (at times dramatic) questions using only names of songs by ONE singer/band - and without repeating the titles!
Let’s see!


Pick Your Artist:
Mariah Carey

Are you a male or female:
Loverboy
Describe yourself:
Dreamlover ( I wonder if Heartbreaker would suit me best... lol)

How do you feel:
I don't Wanna Cry

Describe where you currently live:
Underneath the Stars

If you could go anywhere, where would you go:
The Roof

Your favorite form of transportation:
Butterfly (I had to use her symbol at some point! =D)

Your best friend is:
All I've Ever Wanted

You and your best friends are:
The Beautiful Ones

What’s the weather like:
Through the Rain

If your life was a TV show, what would it be called:
My All

What is life to you:
Sent from Up Above

Your fear:
Melt Away

What is the best advice you have to give:
Make it Happen

How I would like to die:
Close my Eyes

My soul’s present condition:
Obsessed


Ok.

Agora, se você não conseguiu entender tudo, deixe um comentário com seu e-mail e/ou telefone e poderemos agendar uma AULA TESTE!
huahahauhahahahaha!
xoxoxoxo

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

GRANDES QUESTIONAMENTOS DO MUNDO MODERNO

Por que a Rede GLOBO utiliza um intérprete de língua de sinais para informar a classificação etária do programa que se seguirá se não há ninguém falando e está tudo escrito na tela?!?


Será que acham que, além de surdo e mudo, o cara é analfabeto???

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

SPEED DATING IV

Meu caro amigo Aroldo,

Venho por meio desta abrir meu coração a você. Devo informá-lo, porém, que esta decisão não foi nada fácil.
Me chamo Esperança. Mas a minha própria me foi tomada anos atrás!
Tudo começou no verão de 1969. Passávamos as férias em nossa casa em Iguaba. Papai ganhara muito dinheiro com a fábrica de cimento e fazia questão de ostentá-lo, disposto a tudo para disfarçar sua origem humilde.
Seguindo esse raciocínio, forçou todas as filhas a estudar no mais renomado colégio de freiras da cidade, alegando ser seu dever poupar-nos das agruras do Mundo tanto quanto possível. Queria que todas fossemos amáveis Amélias!
Num passeio a Arraial do Cabo, cidade vizinha e verdadeiro paraíso, encontrei Ernesto. Era fim de tarde e nós caminhávamos na pracinha do coreto. Ele era o rapaz mais charmoso que eu já tinha visto! Parecia o Gabeira nos tempos áureos, mas sem aquela tanguinha infame!
Como você pode imaginar, foi amor a primeira vista! E de ambas as partes, pois Ernesto logo deu um jeito de esbarrar em mim para puxar assunto. Depois de muito relutar, acabei aceitando o convite pra ver o pôr do sol na Praia Grande. Foi mágico! Exceto por minha irmã caçula, que me lembrava o tempo todo o quanto papai se zangava quando chegávamos em casa depois do entardecer.
Ah, como aquela bronca valeu a pena!
No dia seguinte, mal pude esperar para encontrá-lo. Ele havia dito que estava hospedado na casa de tios e estudava na capital. Passamos momentos muito agradáveis na Praia do Forno, que naquela época era praticamente deserta, sem um quiosque sequer, e em pouco tempo eu estava certa de que não mais poderia viver sem ele!
Quando o fim de semana chegou, Nenê, como carinhosamente passei a chamá-lo, disse que tinha um assunto urgente a tratar comigo. Fiquei toda eufórica, jurando que ele iria me propor matrimônio! Eu estava com dezessete anos na época, mas sentia que estava preparada pra um relacionamento sério.
Qual não foi minha surpresa quando ele me revelou ser militante do MR-8! Disse-me também que só estava ali para se despedir de seus tios e que, quando me conheceu, resolveu ficar um pouco mais. Eu estava atônita. Ele me parecia tão pacato, jamais o imaginaria de armas em punho, sequestrando embaixadores e coisas do gênero.
Foi quando finalmente a proposta veio: que eu o acompanhasse a Cuba, onde os ideais libertários tinham vez. Confesso que até então eu sequer ouvira falar deles. Ele temia que a repressão o tivesse descoberto e queria partir imediatamente.
Eu lhe disse que precisava de um tempo, pelo menos para me despedir da minha família, explicar o que se passava. Voltei pra casa atordoada e, quando me viu, papai quis saber a razão do meu desassossego. Disse-lhe que estava de partida com o homem que escolhera pra mim.
Foi um grande erro! Papai enfurecido me trancou no quarto, berrando que filha nenhuma se envolveria com um criminoso! Ameaçou internar-me numa instituição para doentes mentais, caso voltasse a mencionar Ernesto ou nossa avassaladora paixão. Foi a pior noite da minha vida! Eu chorava e chamava por Ernesto, na esperança de que ele talvez pudesse me ouvir... Não aconteceu. Nunca mais tive notícias de Nenê!
Desde então, nenhum outro homem ocupou seu lugar em meu coração e não houve um único dia em que não pensasse nele ou que não desejasse voltar no tempo e ter pego o ônibus naquela hora, sem ao menos olhar para trás!
Mas a vida segue em frente e me tornei uma mulher independente. Para contrariar papai, abri um bar voltado para solteiros, o Almas Gêmeas - uma singela homenagem ao que vivi com Ernesto naquela semana de 69.
Há algum tempo meu sobrinho voltou da Inglaterra com a ideia de encontros relâmpago - SPEED DATING, como chamam lá fora e posso dizer com satisfação que já vi vários casais se formando nos eventos que realizo!
Aliás, como sei que você está solteiro novamente, sinta-se convidado a prestigiar um de nossos encontros. O desse mês promete!
Muito obrigada pela atenção e pela oportunidade para falar sobre algo há tanto tempo calado em meu peito! Sou sua ouvinte número um, especialmente deste quadro, "Confesso que amei".

Beijo carinhoso,
Esmeralda.

sábado, 29 de agosto de 2009

SPEED DATING III

6:15 - "Droga de celular! Tinha que apitar justo quando o Edward se declarava pra mim? Vou voltar a dormir... Quem sabe ele não continua de onde parou?"

6:20 - "Esse Soneca só serve mesmo pra iludir a gente... Cinco torturantes minutinhos esperando o apito odioso de novo. Quem dera eu fosse a Bela Adormecida!"

6:32 - "Vou ter que me mudar de vez pra academia. Não dá pra achar que essa barriga é aceitável. Até seria. Na minha avó!"

6:50 - "Engraçado, nunca vi esse lugar tão vazio! Ah, esqueci que tá nublado. Não vai dar praia amanhã."

7:40 - "O teacher que me desculpe, mas ouvir o CD no engarrafamento é o melhor que posso fazer por ele no momento! Espero que não pareça muito louca, falando sozinha no carro..."

8:09 - "Tecnicamente, não estou tão atrasada assim. Mas por via das dúvidas, vou evitar o seu Jeremias agora pela manhã."

8:25 - "Ai, meu Deus! Alguém avisa pra Thauane que 'Sexta Casual' não é sinônimo pra 'Atlântica na calada da noite'! Ela deve ter comprado essa saia quando estava no Jardim de Infância... Não, talvez seja mais recente, tipo, há uns vinte quilos atrás! Aí vem ela."

_ Oi, amiga! Tá magérrima, hein? Faço questão que me indique o endócrino que te passou essa sua dieta...

"... e depois o processarei por propaganda enganosa e danos morais irreversíveis. Vou ficar rica!"

10:47 - " O Cleisson precisa me encaixar de qualquer jeito hoje! Só pra um retoque de raiz... Não deve demorar muito, nem tá tão mal assim... Vou ligar mais tarde."

12:00 - "Tomara que eu resista à feijoada dessa vez! Pensando melhor, vou praquele restaurante natureba do shopping... É tudo tão sem graça que quanto menos eu comer, melhor!"

13:24 - "Será que eles tem esse vestido em outras cores? Vermelho seria perfeito pra hoje a noite! Afinal, tenho que me destacar!"

16:40 - "Tá tudo tão atipicamente calmo hoje... Deu até pra dar uma folheada na CARAS! Vou pedir pra sair às cinco e passar direto no Clê.... Aquele banco de horas infinito tem que servir pra alguma coisa, né?"

16:45 - "Claro que o sistema tinha que dar pau agora, né? E a escrava branca aqui que se dane! Essa vida em TI vai acabar comigo... Se demorar tanto quanto a última vez, posso desistir de ir ao encontro de hoje. Dar jeito nessa raiz pavorosa, então, esquece!"

18:02 - "Ainda bem que o seu Jeremias entendeu minha razão pra sair voando assim, com o circo pegando fogo lá na empresa... Coisas de mulher sempre funciona!"

19:12 - "Agora é tentar tomar um banho rápido pra me aprontar a tempo. Da última vez, a tal da dona Esperança quase que não me deixa entrar. Teria sido um favor... Nunca vi tanto cara esquisito junto num só lugar!"

19:29 - "Será que quando minha mãe disse que todos os homens que valem a pena já foram tirados do mercado tava se baseando em alguma pesquisa do IBGE?"

sábado, 15 de agosto de 2009

SPEED DATING II

Paulo (ao telefone): Tu só pode tá de sacanagem!
Henrique: E por quê?
Paulo: Deixar de ir pra choppada, depois de já ter fechado com a geral... Teu ingresso tá até comprado!
Henrique: Você comprou, melhor dizendo.
Paulo: Mas é óbvio! Vai tá cheio de gostosas lá. E todas enchendo a cara! Não tem como não se dar bem...
Henrique: ... com uma bêbada?
Paulo: Alcoólicamente aditivada!
Henrique: Esse é o problema.
Paulo: O que? O bafo?
Henrique: Não. O fato de eu frequentar festas pra adolescentes, cercado por meninas que ficariam com qualquer um.
Paulo: E desde quando isso é problema?
Henrique: Desde que eu resolvi que preciso cuidar mais do meu lado pessoal.
Paulo: E o que é que tem de errado com ele?
Henrique: Agora você que deve estar brincando! Esqueceu que passo a vida naquele hospital?
Paulo: Claro que não! Por isso mesmo comprei o teu ingresso... Assim tu não perde tempo.
Henrique: Eu já tô perdendo. E não é de hoje!
Paulo: Afinal, do que tu tá falando?
Henrique: Acho que está na hora de encontrar a mulher certa pra mim.
Paulo: Que papo brabo é esse? Mulher certa?!
Henrique: Isso mesmo! Eu quero ter alguém do meu lado que não esteja alegre só por ter tomado umas doses extras de tequila e queira mais do que alguns poucos momentos agradáveis juntos. Você me entende?
Paulo: Claro que não! Por que perder a chance de ter todas as mulherzinhas que estão por aí, carentes de atenção, loucas por uns amassos bem dados? Por mim, passo a vida desse jeito, amarradão...
Henrique: É, eu sei. Mas pra mim já deu. Deve ter alguém esperando por mim. Ou pelo menos, espero que tenha...
Paulo: E onde é que tu acha que vai encontrar essa mulher? Na Internet??
Henrique: Li uma matéria no jornal de hoje sobre um bar pra solteiros com esses encontros rápidos, tipo os que tem no exterior...
Paulo: Deve ser a maior concentração de baranga por metro quadrado da night carioca!
Henrique: Pois eu vou pagar pra ver! Sei que tô de sobreaviso no hospital hoje, mas quero recuperar o tempo perdido... Aliás, já tô atrasado. O trânsito na sexta é péssimo e quero chegar um pouco antes pra saber como funciona.
Paulo: Peraê, rapaz! Tem certeza que não quer repensar? A Marcinha vai estar lá... Sabe que ela arrasta um bonde por você... O bonde do Doutor!
Henrique: Hoje não. Depois a gente se fala.Vou nessa, abração!
Desliga o telefone.
Paulo: Pô, e o que eu faço com esse ingresso agora?

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

SPEED DATING

Bem-vindos ao bar para solteiros "Almas Gêmeas"!
A proprietária do estabelecimento, Dona Esperança encontra-se na recepção, contabilizando os resultados de mais uma lucrativa empreitada .
Luciana espera impaciente. Não é sua primeira vez. Justamente por isso se angustia ao olhar ao redor e reconhecer todos os sebosos de tantas tentativas frustradas.
Espera aí... Aquele ali no canto é desconhecido. E que tipão! Alto, moreno, aparentando seriedade... Esses óculos de grau são uma coisa! Ainda está preenchendo o formulário. Deve ter resolvido de última hora. Será que vai para o ambiente gay?
Não foi! Ela muda de semblante, já antevendo os maravilhosos cinco minutos que teria junto a ele. Quem sabe até mais?
Dona Esperança liga o microfone e, com sua voz de anúncio de lotação, começa a explicar as regras da noite.
Segundo a própria, cada moçoila tem exatamente cinco minutos para fazer perguntas aos cavalheiros ou para falar de si - o que parecia ser a escolha padrão. Então, quando ela soar o gongo (trazido de Taiwan por uma de suas amigas granfinas) todas se levantam e seguem para a mesa seguinte, munidas de suas anotações sobre o sujeito anterior.
Luciana conta as mesas que a separam do novato, rezando para que ele não se interesse por nenhuma das desesperadas que encontrará antes dela. Tentando parecer o mais simpática possível, afinal ele já poderia estar observando, ela até ri de algumas das piadas patéticas contadas pelos manés habituais. Mas o pensamento estava nele. Só nele!
Quando finalmente ouve o gongo que a separava dele, se levanta lentamente, ajeita o cabelo (se espraguejando por não ter marcado hora no salão) e organiza o vestido da melhor maneira para ressaltar seus atributos. Em suas mãos, a ficha dele: Henrique.
Ele estende a mão, firme e se levanta para os beijinhos, já ciente de que no Rio são dois. Ela fica tonta com o cheiro, o olhar e o toque dele e logo se senta, tentando se recompor.
Ao abrir a boca para a primeira pergunta, Luciana é interrompida. O celular dele toca. Constrangido ele diz que precisa atender. E o faz.
Momentos depois ele pede desculpas, se levanta e diz que era uma emergência. Mas antes de ir, se abaixa para um último beijo em seu rosto e aproveita para anotar seu número num guardanapo, dizendo querer continuar, ou melhor, começar o papo.
Quando ele sai, ela olha com atenção para a ficha: médico!
Sem cabeça para mais nada, Luciana também se levanta, beija o guardanapo, o guarda no sutiã e caminha em direção à porta onde, não entendendo o que se passava, Dona Esperança reafirmava a política da casa de não-devolução da taxa de inscrição.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

QUASE LOVE STORY

Clodoaldo estava acostumado a jantar sozinho.

Afinal, depois de tantos anos de solidão, suas estranhas manias se amontoavam ao seu redor, seus pensamentos falavam cada vez mais alto e até suas sonolentas emoções davam as caras de vez em quando sem qualquer convite ou cerimônia.

O trabalho era sua única alegria, sua religião, sua vida. Ele sabia exatamente o que dizer e como agir neste ambiente. Sabia também de sua inegável competência, adquirida em anos de dedicação integral.

Não pense que ele se convenceu facilmente a abandonar sua busca por amor. Não! Mas depois de inúmeras desilusões consecutivas qualquer um se resigna a deixar de lado aspirações românticas.

Tudo corria conforme o esperado, até que um dia, voltando de um serão, Clodoaldo se deparou com uma mulher equilibrando caixas, a espera do elevador.

_ Ele quebrou hoje de manhã...

_ Jura? Ainda bem que moro no sexto andar... Tô precisando mesmo emagrecer!

Ele discordou. E se ofereceu pra ajudá-la, o que lhe rendeu um cafézinho e amistoso bate-papo com a dona das caixas, Rosimere - bonita, inteligente, divertida... Perfeita! E ainda tinha aquele sotaque do Sul que soa como música. Ela tinha passado num concurso público e se mudado naquele dia.

Com o pretexto de apresentar a cidade, ele sugeriu um domingo no parque com esticada num barzinho. Foi o primeiro dos muitos programas que se seguiram. Os dois passavam muito tempo juntos. Ela, cada vez mais simpática, ele, cada vez vez mais apaixonado.

Na lanchonete da esquina, conversas intermináveis davam a Clodoaldo a impressão de que a amizade poderia ser promovida a algo mais sério. Até que numa dessas conversas ele ouviu Rosimere contar tudo sobre seu tumultuado relacionamento com Paulo, como se conheceram, terminaram, como ainda era louca por ele e que pensava em voltar à sua terra natal pra tentar mais uma vez.

Nunca uma empadinha custou tanto a descer como aquela interrompida pelo nó em sua garganta! Mas quando finalmente desceu, liberou o silêncio fúnebre que acompanhava a morte de mais um sonho.

sábado, 18 de julho de 2009

FECHAM-SE AS CORTINAS

Depois do beijo, o adeus

Antes do medo, esperança

Depois do afago, a distância

Antes do resto, nós.



Por direito tomamos posse

Das mais enamoradas histórias

Sempre alheios aos grilhões

Que nos rondavam em silêncio.



Não mais iguais

Eu noite, você dia

Envoltos num combate eterno

Corroendo pouco a pouco

Nosso tão sonhado paraíso.



Agora resta o vazio de saber-se só

E a agonia de esperar por algo

Que claramente nunca virá.

sábado, 11 de julho de 2009

LIGAÇÃO PERIGOSA

Quando me perguntaram
Se algum motivo havia
Pra eu não te deixar


Pra relevar tuas sandices
Esquecer teus impropérios
Afogar-me nos mistérios
Que brotam de tuas crises


Em nada pude pensar.


Mas o telefone tocou
E como na cena mais clichê
Do menos inspirado autor


Me vi envolto em embaraço
Por lágrimas que, à revelia
Publicamente caíam
Molhando a voz, já presa em laço.


Que maior razão?
AMOR!

sábado, 27 de junho de 2009

Viagem no Tempo

Eu não me lembro de muita coisa dos meus tempos de garoto.
Na verdade, desde cedo desenvolvi uma memória ultra-seletiva que sempre controlei a meu bel-prazer (o hífen ainda existe? hehe). É como se pudesse escolher o que lembrar.
Sim, eu acredito mesmo nisso.

Talvez Freud tivesse a explicação lógica pra essa crença, mas como ele não está disponível no momento, não serei eu a analizar as razões desse meu delírio. O fato é que, devido a ele, parte das experiências de minha infância caíram no esquecimento.
Mas mesmo esse engenhoso sistema de defesa mnemônica não foi capaz de apagar da minha mente o que narro a seguir.

Numa certa noite de domingo fui com meus pais à casa de meus avós, um velho hábito nosso (só atravessávamos a rua, mas quando se tem 4 anos de idade equivale a um passeio incrível!). Os televisores coloridos estavam se popularizando e o deles era maior e melhor que o nosso.

No Fantástico da noite em questão, assistia-se a notícias e tópicos que pouco me interessariam agora, que dirá na época! Mas quando anunciaram a próxima atração, todos ficaram agitados: THRILLER, o novo clipe de Michael Jackson estrearia no Brasil!





Não tinha a menor noção de quem ele era, mas onde estava (esperando a adorável Zebrinha), fiquei. Foi quando meu tio teve a brilhante idéia de apagar as luzes. Pra quê?! Já na primeira transformação, corri pro colo da minha mãe e não me movi por todos os 12 minutos restantes, que me pareceram uma eternidade!

Pra resumir a história (até porque, devido à questão clínica citada acima, não reti todos os detalhes dessa noite fatídica), posso dizer que acabou-se o clipe, acabou-se o programa e nada de eu querer voltar pra casa. Tinha certeza que o Michael viria por entre a escuridão do quintal de meus avós pra me pegar (agora fiquei curioso: terei sido o primeiro garotinho a sentir medo dele? Tenho a impressão que não...).

Desde então, não tive chance ou interesse (não pela qualidade e sim pelo trauma!) de rever esse clipe. Até que hoje, pesquisando um pouco do material disponível na Net sobre esse talentoso e atribulado artista, me deparei com essa enxurrada de lembranças - coisa rara, e resolvi compartilhá-la com você.


Abração!

domingo, 21 de junho de 2009

Introdução

Olá!



A idéia de criar um blog já me havia passado pela cabeça antes, devo admitir.

Mas acabava sempre aterrada por vários outros afazeres que, por um motivo ou outro, considerei mais urgentes.

O que mudou então? Você deve estar se perguntando.

Há certos períodos em que uma pessoa se questiona sobre tantos aspectos de sua vida quanto possíveis e é exatamente onde me encontro neste momento.

Momento de transição, definição de prioridades, metas, projetos, sonhos. Desses que te deixam agoniado, com a boca seca, ansioso não apenas pelo que virá mas como e se virá, afinal. Perguntas que não parecem respeitar sequer o mais sincero pedido de trégua.

Perdido entre minhas muitas divagações numa tarde fria de inverno, ouço de uma boa amiga, surpresa com a revelação de que as vezes me metia a escrever - o que ela faz muito bem por sinal, que deveria criar um blog!

E cá estou eu, diante de uma página que, outrora em branco, já se mostra alterada, parcialmente preenchida por minhas escolhas mas ainda enigmática e desafiadora.

Pretendo relatar nela um pouco do que descobrir no caminho que me for apresentado e contar com a sua companhia nessa trajetória muito me alegrará!



Seja bem-vindo!!!
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